Fonte: Murillo Novaes
Neste domingo, o Clube Naval Charitas fará regata em homenagem ao Comandante José Fernando Ermel, falecido no final do ano passado. Estão convidados os barcos das classes ORC, RGS, Clássicos, Brasília 32 e Bico de Proa. Não serão cobradas taxas de inscrição.
Ermel à direita, com Adriana Kostiw
Uma história que merece ser contada - O Comandante Ermel entrou para Marinha em 1960, no Colégio Naval, e foi da turma de 1964 na Escola Naval. Teve incentivo do seu tio, que dizia que seria muito divertido tripular barcos a vela e navios, brincaria trabalhando e ainda receberia por isso. Um dos seus grandes companheiros na Marinha foi o seu irmão mais novo Fred, sendo ele de uma turma abaixo. Foi da equipe de vela, natação e pólo aquático. Tudo para fugir do estudo obrigatório.
Após a Escola Naval, serviu no rebocador Tridente, o que lhe deu várias habilidades marinheiras. Seguiu como mergulhador de combate, escafandrista e submarinista. “Ele dizia que o submarino era o melhor lugar para estar num estado de guerra… pois ficaria paradinho no fundo sem ninguém saber onde ele realmente ele está”, lembrou Ricardo Ermel, filho do Comandante.
Criado em Niterói, ficava olhando os barcos velejando com intenso amor. Quando guri, trocava limpeza de fundo, e pinturas nos cascos em madeira por velejadas. Quando entrou para o Colégio Naval se aperfeiçoou. Espelhava-se no seu amigo Robinson Hasselmann – “Tio Bill”, e como adversários respeitados os Irmãos Schmidt, Ivan Pimentel, Gastão Brun, Ralf Rosa, Erico Albuquerque entre os grandes nomes da época.
Sem dúvidas uma de suas principais características era gostar de desafios. Praticou alpinismo, surf, vôo livre, mergulho, vela… Sentia-se confortável na água, onde ele dominava. A música o atraia. Adorava musica clássica e blues. Tocava piano, flauta e gaita. Treinava muito procurando a perfeição. “Um dia tocou tanta gaita continuamente que teve um infarto. Estava registrando uma marca de 8 horas diárias”, conta Ricardo.
Nos últimos anos dedicou-se a sua embarcação a Traineira Guaiuba, a qual usava para saídas de mergulho recreativo e pescaria.
Como técnico afirmava que para ser um grande competidor de vela, não bastava ser um ótimo velejador, mas precisaria também dominar as regras para que elas servissem para auxiliar na tática de regata. Por esse motivo ensinava e focava as regras de regatas. Quando parou de dar aulas, julgava. Tornou-se um grande árbitro. Seu diferencial no julgamento era explicar o que o velejador tinha feito de errado. Sempre procurava entender bem a situação e perceber quem estava querendo se beneficiar. Nos últimos tempos exerceu a função de Assessor de Regras e Arbitragem de Regatas do Clube Naval Charitas.
Famoso por colecionar histórias interessantes, uma merece grande destaque. Aconteceu quando ele comandou a Base Brasileira na Antártica. Contrariando a ordem do Almirante, que o tinha proibido de voar naquele continente, embarcou e escondeu sua Asa Delta no Barão de Teffé. No dia de Natal de 1985 o golpe foi descoberto, ao entrar na fonia para desejar um bom natal aos tripulantes da base o operador de rádio comentou que o comandante não poderia responder pois a tripulação estava recebendo o Papai Noel de Asa Delta.
José Fernando Ermel casou-se em 1969 com Luiza Helena Nunes Ermel. Teve Dois filhos, Ricardo Nunes Ermel e Roberto Nunes Ermel. Teve três netos: João Victor, filho de Ricardo; Pedro e Beatriz, filhos de Roberto