Fonte: O Globo
Em dezembro de 2011, Leonardo Eloi deixou o confortável apartamento que dividia com dois amigos em Jacarepaguá para viver num pequeno veleiro ancorado na Marina da Glória. Após trabalhar por seis anos numa multinacional de consultoria com sede na Barra, ele havia acabado de assumir um cargo na ONG Meu Rio, localizada na Glória. Com a mudança para o novo escritório, Leonardo, que estava acostumado a chegar ao trabalho em dez minutos, de carro, havia passado a perder até três horas de seu dia no trânsito.
- Era um suplício. Em um mês, vi que não iria aguentar aquela rotina - lembra.
A solução seria mudar para a Zona Sul. Leonardo começou a desbravar os classificados, mas se deparou com os preços inflados do mercado imobiliário carioca. Além disso, a falta de um fiador e a dificuldade de encontrar alguém para dividir o aluguel o deixaram a ver navios.
Naquela época, Leonardo foi a um churrasco num terraço na Glória. Desolado, contemplou, após algumas cervejas, os barquinhos repousando na Marina. Lembrou-se, então, que o pai de um amigo presente na mesma festa estava vendendo um antigo veleiro:
- Eu costumava velejar com eles desde criança. Foi o momento da epifania, do "eureca". Na mesma noite, acertamos um preço.