ARTIGO: Um rio que passou na minha vida, Fernando Albrecht

Fonte: Fernando Albrecht, jornalista

 

Com o apoio da Óptica Foernges, o Veleiros do Sul realiza neste domingo a Regata dos 80 anos da Vela Gaúcha. O evento, para as classes de barcos de Oceano, terá largada às 14h e ocorre em comemoração à primeira disputa oficial de barcos à vela em Porto Alegre, realizada em 8 de abril de 1934 próxima à Praia de Belas. O troféu foi confeccionado pelos Irmãos Foernges.

 Já falei aqui como a água faz parte da minha vida, seja nos meus tempos de guri no arroio Forromeco, seja por laços familiares – meu pai foi tripulante de um caça minas na Marinha Imperial Alemã na I Guerra Mundial, e meu sobrenome materno é Selbach (bach significa arroio). Mas não é esse o caso. Eu queria era amentar o pouco caso que os porto-alegrenses fazem do seu rio, ou lago como queiram. Não fosse por abnegados como o pessoal dos clubes náuticos ele seria encarado apenas como modal de transporte.

  Confesso que não consigo entender como é que não se ensina a gurizada a velejar, que vai além do esporte e da competição: ensina a tomar decisões rápidas e certas na vida, na escola da vida. Poderiam existir parcerias entre o poder público e empresas privadas criando competições entre escolas, por exemplo. A vela já é um outdoor móvel, então do ponto de vista comercial já existe um retorno. As possibilidades são muitas.

  Não adianta muito convencer adultos, a essa altura. Se não incutirmos a mentalidade náutica na gurizada continuaremos ouvindo a lengalenga que a cidade está de costas para o Guaíba. Lembro da frase do então prefeito paulistano Ademar de Barros quando viu o Guaíba pela primeira vez, na reta final do Salgado Filho, anos 1950: Ah, se São Paulo tivesse um rio...”