Escandalo no navio veleiro Gorch Fock da marinha alemã

29/02/11

A Marinha alemã é alvo de críticas depois do relatório sobre a violência a bordo do navio escola Gorch Fock, que é conhecido como “embaixador flutuante” do país. Depois de denúncias sobre “orgias” a bordo, além de um suposto motim, o veleiro ganhou um apelido de: “o maior bordel flutuante da Alemanha”. O navio atualmente encontra-se na Argentina. Em novembro passado visitou Salvador, no Brasil.

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O relatório foi elaborado por Hellmut Königshaus, provedor das Forças Armadas da Alemanha, e tornado público pelo jornal "Bild" no início desta semana. Königshaus critica a forma de atuar, os métodos de treino e as capacidades de liderança dos responsáveis militares e revela ainda pormenores dos escândalos recentes. Em causa estão às mortes de duas mulheres a bordo do navio-escola "Gorch Fock" - a vítima mais recente, 25 anos, caiu de um dos mastros em novembro, e a anterior, de 18, morreu afogada em 2008.

Apesar de não terem sido apresentadas queixas em nenhum dos casos, os pais da jovem que se afogou acreditam que a filha foi vítima de crimes sexuais que teriam levado à sua morte e pediram uma investigação.

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Motim após morte

Em relação a Sarah Lena Seele, a mais recente vítima, que fazia vários exercícios como parte do treino, colegas afirmam que ela foi pressionada a "continuar a subir o mastro e parar de se queixar" minutos antes da queda fatal.

No relatório de Hellmut Königshaus são apontadas críticas aos oficiais do navio-escola, e que a situação chegou ao ponto dos cadetes se amotinarem e desrespeitarem as ordens de superiores.  A situação piorou quando oficiais a bordo do navio promoveram uma grande festa poucos dias depois da morte de Sarah.

Segundo a imprensa alemã, como o jornal "Bild" ou a revista "Der Spiegel " era dito aos cadetes que navegar naquele navio "é como estar dentro de uma prisão".

Imagens polêmicas

Desde insinuações sexuais, como os tripulantes mais velhos pedirem aos mais novos para "apanharem o sabonete", à "pressão sinistra" para participarem de exercícios sem a segurança necessária, senão "é como se estivéssemos fora do grupo". Os detalhes de abusos submetidos aos cadetes do "Gorch Fock" já levaram o navio, construído em 1958, avaliado em 50 milhões de euros, outrora um dos símbolos da navegação alemã  receba hoje a designação de "bordel flutuante".

O "Bild " exibe uma fotogaleria sobre todo este caso onde, para além de detalhes sobre as mortes das duas mulheres, são vistas imagens de jovens obrigados a banharem-se em vômito ou imagens da festa no dia a seguir ao memorial de Seele.

O barco, atualmente na Argentina, recebeu uma equipa de sete pessoas, formado por marinheiros e juristas, para averiguarem os detalhes a bordo do "Gorch Fock".

Uma das medidas já tomadas pelo comando da marinha alemã, mas muito criticada, foi a destituição de Norbert Schatz, do cargo de capitão do navio, antes da investigação da morte de Sarah Lena Seele ter sido iniciada.

O Gorch Fock I

O navio envolvido no escândalo é o Gorch Fock II. O primeiro navio foi afundado pelos próprios naziatas e depois “doado” pela Alemanha a União Soviética após a II Guerra como indenização. Em 1947 o navio foi recuperado do fundo do mar e levado a um estaleiro para manutenção. Em setembro de 1949 foi batizado com nome “Towarischtsch” (Товарищ). E em julho de 1951 foi incorporado à marinha soviética na base naval Cherson.

Após a extinção da União Soviética em 1991 o Gorch foi transferido para a marinha da Ucrânia, onde foi desativado em 1993 por falta de dinheiro. Em 1995 fez a última viagem de Cherson até Newcastle-upon-Tyne (Inglaterra) onde uma associação particular quis recuperá-lo. Porém, não tiveram êxito, devido aos altos custos.

Em 1999 ele foi comprado por um grupo de amigos de veleiros na Alemanha e rebocado até o porto de WIlhemshaven. Onde funcionou como navio almirante durante a EXPO 2000. Desde 2003 o “Gorch Fock” I é um navio museo na cidade portuária de Stralsund (leste da Alemanha).

O Gorch Fock II (A60) foi construído em 1958 pelo estaleiro Blohm + Voss em Hamburg, seguindo as plantas e projetos originas do primeiro navio. Em dezembro de 1958 ele começou o serviço na marinha alemã para o treinamento dos oficiais aspirantes da marinha.