Nelson Ilha entre os 23 árbitros brasileiros no Jogos de Londres
Fonte: Globo Esporte
Alguns terão a primeira experiência olímpica. Outros, mais calejados, podem colocar no currículo a quinta participação em Jogos. Não estamos falando dos 258 atletas brasileiros que, a partir de quarta-feira, iniciam as disputas pelas tão sonhadas medalhas na competição poliesportiva mais importante do mundo. Os personagens em questão são os 23 árbitros do Brasil convocados para Londres. O país do futebol, que, inclusive, não terá juiz ou auxiliares nos gramados ingleses, conta com representantes em 18 modalidades.
Do atletismo ao pentatlo moderno, o Brasil leva uma mescla de debutantes e veteranos em Jogos Olímpicos. A convocação dos árbitros, juizes ou oficiais técnicos (cada esporte tem a sua nomenclatura) fica por conta das federações internacionais, que fazem os convites às confederações nacionais ou diretamente aos oficiais. O requisito indispensável para todos os esportes é que os representantes façam parte do quadro internacional de arbitragem.
Veteranos dos Jogos
Árbitra da final do vôlei de praia em Pequim-2008, Maria Amélia Villas-Boas participará da sua terceira e última edição de Olimpíadas e, para ver uma dupla brasileira com o ouro, ela abre mão da despedida em uma decisão na capital inglesa (leia mais). Outro veterano olímpico é o juiz de regata Nelson Ilha, que chega a Londres para a sua quinta participação seguida. Desde 1996, em Atlanta, o gaúcho de 54 anos é figurinha carimbada nos Jogos. A vela também terá o catarinense Ricardo Navarro como gerente de regata.
Na verdade, é minha sexta Olimpíada. Em 1992, eu tinha uma revista e fui a Barcelona escrever sobre vela. Eu já era juiz internacional naquela época, mas daí para frente fui como juiz de regata em Atlanta (1996), Sydney (2000) e Pequim (2008). Em Atenas (2004) participei como gerente de regata. Todas elas têm alguma coisa que marca. O fato de ter visto os brasileiros no pódio emociona - revelou Nelson Ilha, que viu de perto Robert Scheidt (Laser) e Torben Grael/Marcelo Ferreira (Star) serem bicampeões olímpicos e hoje aposta em nomes como os de Fernanda Oliveira, Ricardo Winicki (Bimba), Bruno Fontes e Patricia Freitas. Além, é claro, de Scheidt.
O tênis será o esporte que levará mais árbitros brasileiros aos Jogos. Serão três profissionais, entre eles, Carlos Bernardes, que esteve em Pequim e acumula três finais de Grand Slam na bagagem: dois US Open (2006 e 2008) e um Wimbledon (2011). Além do paulista, Paula Vieira e Fábio Souza completam a lista.
Marinheiros de primeira viagem
Aos 47 anos, Jones Kennedy realizou um sonho. O paraense se tornou o primeiro juiz de boxe brasileiro a ser convocado para as Olimpíadas (leia mais). Ainda no ringue, o boxe do país também comemora a maior delegação da história, com dez pugilistas classificados (três mulheres e sete homens).
Quem também irá debutar na Inglaterra será Cláudia Schneck de Jesus. A Federação Internacional de Atletismo (Iaaf, sigla em inglês) só convoca um Oficial Técnico Internacional (ITO) por país. Em Atenas-2004, o representante brasileiro foi Frederico Nantes. Dessa vez, a paranaense de 39 anos, ex-atleta meio-fundista e árbitra desde 1992, foi a ITO escolhida. No atletismo, os juizes atuam nas diferentes provas, independentemente se existem atletas do seu país em ação - o que não ocorre em outros esportes como futebol, vôlei, tênis, entre outros.
- Nosso papel é garantir que a regra seja cumprida, independentemente de que país seja o atleta. Nós não ficamos em uma prova específica. Fico no salto triplo, depois do lançamento de disco... Quando acaba a competição, fico feliz se um brasileiro sai vitorioso. A gente comemora por dentro - confessa a estreante, que ainda revela a modalidade mais complicada de julgar: a marcha atlética.
Apenas Yane Marques representará o Brasil no pentatlo moderno. Pelo menos na briga por medalhas. Isso porque Elvio Gulart, do Distrito Federal, ganhou um prêmio particular ao garantir uma vaga entre os 23 árbitros brasileiros que vão a Londres. Apesar de ser apenas sua primeira edição, ele já está de olho nas próximas Olimpíadas, no Rio de Janeiro, em 2016.
- Para mim foi um presente. A experiência vai ser algo que era inimaginável. Nunca imaginei ter a oportunidade de participar das Olimpíadas como atleta. Ainda estou na fase de me beliscar para saber se é verdade. A ficha só vai cair quando eu chegar em Londres, dentro do local da competição. Em termos pessoais, acredito que será um dos eventos mais gratificantes da minha vida. Estou quase no meu ápice. Espero que seja aqui nas Olimpíadas do Rio - comentou Elvio, que praticou pentatlo militar e, como árbitro, participou dos Jogos Mundiais Militares de 2011 e arbitrou as finais das Copas do Mundo do Brasil, em 2009, e da China, em 2010.
No hipismo, o Brasil não contará com árbitros, mas será representado pelo Coronel Ataíde Barcellos, como assistente de delegado técnico, e pelo Major Augusto Ribeiro Couto, como comissário, ambos no Concurso Completo de Equitação (CCE). Já nos Saltos, Guilherme Nogueira Jorge e Tatiana Gutierrez serão comissários.
Apesar de ser o país do futebol, o Brasil não terá um juiz ou "bandeirinha" em Londres. Segundo Sérgio Correa, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, a Fifa priorizou países com menos tradição no esporte. No entanto, árbitros alemães, italianos e ingleses foram chamados. Contando com o futebol, o Brasil não terá representantes na arbitragem em 15 modalidades olímpicas.
Edson Minakawa (judô), Marcos Benito e Cristiano Maranho (basquete), Christina Lentino Vanicek (canoagem), Régis Trois (esgrima), Yumi Yamamoto Sawasato e Robson Caballero (ginástica artística), Maria Cristina Vital (ginástica rítmica), Ricardo Ratto (maratona aquática), Heldir Lopes (nado sincronizado), Daniel Schneider (natação), Denis Danelon (polo aquático), Beto Menescal (triatlo) e Rogério Espicalsky (vôlei) completam a lista dos 23 oficiais brazucas nos Jogos 2012.