Papo-cabeça da EVM reuniu mães de gerações passadas da Optimist numa conversa sobre suas experiências

Papo-cabeça foi o nome do encontro realizado na tarde de domingo pela Escola de Vela Minuano com a participação de quatro mães de ex-optimistas e do psicólogo esportivo Lucas Rosito. No mezanino do salão os pais da atual geração de crianças da OP foram ouvir as histórias e experiências de Adriane Ilha, Lorena Koch, Júlia Streppel e Cláudia Flöricke que falaram sobre a iniciação de seus filhos na vela e a visão delas sobre a contribuição do esporte para a vida adulta deles.

Diversos tópicos foram mostrados, entre quais, os acertos e erros no acompanhamento, formas de ajudar, como enfrentar os medos, a maneira como a vela ajudou na formação da educação e cultura dos jovens e hoje adultos. Todas tinham muitos pontos em comum nos seus relatos de mãe de Optimist, mas na forma individual de cada uma nesta fase teve algo peculiar. Com exceção de Cláudia Flöricke, que viveu sua infância no Clube e velejou de Optimist nas gerações pioneiras, as demais conheceram o mundo da vela já adultas.

A palestra iniciou com a apresentação da mães e Lorena Koch foi a primeira a falar sobre sua experiência com os dois filhos: Jimmy e Dennis. "Nós tínhamos lancha e achamos bonito as crinças velejarem naqueles barquinhos. Logo entendemos que a vela ajudaria na formação deles, aprenderem a pensar por si mesmo, fazer escolhas", e comentou também sobre a contribuição física e o envolvimento da família com o esporte, o afastamento deles por um período devido aos estudos e trabalho e volta para a vela.

Júlia Streppel falou dos seus dois, Fabrício e André, este é o atual diretor da Escola de Vela Minuano e foi o mediador do encontro. Júlia falou sobre a família do marido Augusto, que era de velejadores, lembrou de episódios do começo das crianças na vela, momentos adversos e seus medos que foram superados, e como tudo isso contribuiu para o crescimento deles e até hoje são atuantes velejadores. " No começo as pessoas me falavam de deixar os filhos sózinhos num barco, elas não entendiam muito bem aquilo", conta. Ela também diz que no começo foi meio difícil de aceitar mas logo viu o valor daquela prática. "Naquela época não havia técnicos de Optimist, eram mais os pais que tinham de ensinar a velejar e acompanhar os filhos. Ví ainda que a vela unia a família".

Adriane Ilha falou sobre o longo tempo de Optimist, porque foram três filhos que passaram pela classe, apesar de não ter tido uma participação efetiva no acompanhamento: Gustavo, Felipe e Mariana. Ela lembra que foi um período difícil para o primeiro porque a escola estava sendo reestruturada e praticamente Gustavo era o único do clube na classe e dependia de velejar em outras flotilhas, uma realidade bem diferente da atual. " Sinto até orgulho de ver hoje a nossa escola, a flotilha com muitos velejadores de qualidade e a estrutura que dispõem", avaliou. Mariana trocou a vela pelo vôlei, mas seus irmãos seguiram a tradição da família Ilha na vela. " A competição não foi o foco principal, mas senti que a vela também contribuiu para incentivar o espírito de solidariedade e me nosso caso de também aproximar os filhos da família, na adolescência as vezes eles se afastam, mas o esporte é sentimento forte que os trás de volta ao núcleo familiar".

Cláudia Flöricke é mãe de Philipp Grotchmann, o mais novo da turma entre os ex-optimist citados. Pipo, 23 anos, como é conhecido por todos, começou na vela efetivamente depois que veio da Alemanha para o Brasil aos 6 anos. De personalidade tímida, ele começou se abrir mais com os adultos e  crianças depois de sua iniciação no esporte da vela. "Hoje sinto um orgulho de ver ele atuando como co-técnico da escola de vela. Fui capitã de flotilha e me aproximei do esporte. Sinto que o meu filho cresceu em conhecimento, a vela o tornou mais maduro e desenvolveu um senso de respeito tanto com relação aos jovens como para com os adultos", conta. "Recentemente ficou quase um ano fora do país e retornou por causa desse ambiente do clube e saudade de velejar".

O psicólogo do esporte Lucas Rosito trabalha com os velejadores do Clube e definiu a vela como uma modalidade de "cultura própria, com características bem próprias, inclusive na sua linguagem". Ele comentou sobre a aproximação e renovação dos velejadores e famílias no meio do clube como algo salutar na sua reciclagem, sobre as diferenças de lidar com medos, na visão de pais e filhos, e o papel da vela no período crítico das crianças. " Essa passagem da infância para a adolescência, quando os sentimentos são confusos, a vela serve como um laboratório nesta convivência com os outros e as famílias", assinalou. Ele também respondeu algumas indagações de pais na platéia.

Ao finalizar o evento o comodoro Eduardo Ribas contou sua entrada da vela, por meio da sua esposa que também passou pela Optimist e o impacto desse novo mundo para ele. Antes do encerramento as mães palestrantes receberam um carinho da nova geração da escola de vela em forma de medalhas e após um café coletivo com quitutes trazidos pelas mães.