Jantar dos 60 anos dos Cruzeiristas velejou pela linha do tempo do tradicional Grupo no VDS
O Jantar dos Cruzeiristas de junho comemorou os 60 anos de fundação do Grupo, surgido em junho de 1956, e também a estreia do Mãe Luiz Vinicius Magalhães no comando da confraria. Num ato natural, à noite da quarta-feira foi uma navegação entre presente e passado, falou-se de memórias e lembranças desses anos, eram inúmeras e a maioria divertidas.
Até o cardápio foi estrategicamente escolhido pelo cozinheiro Paulo Monte Lopes, o Merê, que buscou nas suas reminiscências os pratos servidos no jantar. A entrada foi o caldo Lourenciano, da cidade de São Lourenço, na Lagoa dos Patos, tradicional local de encontro dos Cruzeiristas, onde era saboreado no restaurante Biguá. O prato principal foi ossobuco com polenta, que lembrou o seu companheiro de navegadas Manoel Blum, o Maneca, que preparava a comida a bordo nas excursões nas velejadas.
Após a leitura da ata da reunião de maio pelo Mãe e da ata histórica pelo Merê, o cruzeirista Jorge Alberto Vidal foi convidado a falar sobre o Grupo dos Cruzeiristas. Vidal contou sobre o seu batismo por volta de 1971, junto com Nivaldo Cavalli, Astélio Santos e o José Tozzi, a força e união do Grupo, citando o prato Lourenciano, ele falou dos famosos Encontros da Vela em São Lourenço, “o caldo custava R$ 1,50 no Biguá, que era restaurante, salão social, ponto de reunião dos velejadores etc.”.
“O Grupo surgiu quando as navegadas pelo Guaíba e Lagoa dos Patos eram algo de aventura. Todos tinham que relatar essas façanhas. Egon Barth e Erwin Bier, comandantes dos barcos Orion e Umuarama quando participaram da Regata Buenos Aires – Rio também compareciam aos jantares para narrarem sobre as regatas”, entre outros. Vidal destacou a participação do Orion III na regata Admiral’s Cup na Inglaterra. “Foi um feito importante de um barco construído em Porto Alegre ir representar o Veleiros do Sul num evento dos mais importantes do iatismo mundial na época”.
Ele lembrou ainda da instituição da rodada de chope ou “nikolachka”, saudada com o tríplice “hip, hip, hurra”, quando os aniversariantes, os proprietários de novos barcos, os envolvidos em incidentes ou acidentes, etc. são “convidados” para pagarem. “Não importa quantos compareçam aos jantares, o que vale é que ali estão os representantes do ideal do Veleiros do Sul”, assinalou. No jantar dos 60 anos, Vidal trouxe um quadro com uma fotografia de uma reunião “avec” com as esposas, de dezembro de 1990. “ Nela foram contadas 98 pessoas, 70 delas foram identificadas e infelizmente 50 eram já falecidas”.
Presente no jantar estava Léo Penter, tripulantes do Orion na Admiral’s Cup, que fez o registro de uma notícia recente sobre o resgate do veleiro argentino Don Alberto, na costa brasileira. O barco de casco de fibra, uma novidade na época, foi importando da Argentina no começo dos anos 70 por um associado e permaneceu no Veleiros do Sul por alguns anos. “Fiz parte da tripulação do Don Alberto, junto com o José Silveira, 90 anos - presente à mesa ao lado do filho Paulo -, isso há exatamente 40 anos”, contou Léo Penter. A família Silveira estava com quatro integrantes, José e Paulo ainda não são do Grupo, mas serão batizados em julho. José por seu histórico na vela de cruzeiro e Paulo, entre outras navegadas, por ter contornado o Cabo Horn.
Completando os elos da corrente narrativa, o cruzeirista Geraldo Sperb citou a AVE, Associação de Veleiros de Excursão criada em 1964, sendo ele um dos fundadores. O objetivo da AVE era congregar os barcos de cruzeiro de pequeno porte, em regatas e cruzeiros, no Guaíba e Lagoa dos Patos. Os seus membros tinham forte ligação com o Grupo dos Cruzeiristas. “Como alguns barcos eram de fabricação amadora foram apelidados de Nabos e as excursões de ‘Nabíadas’. Os donos de barcos maiores e modernos ironizavam a AVE com o nome de Associação de Veleiros Esquecidos”, contou Geraldo que é presidente da Sociedade Amigos da Marinha de Porto Alegre.
O Comodoro Eduardo Ribas também falou aos presentes sobre a importância de manter a tradição e a alma do VDS, sendo o Grupo um dos seus representantes, comentou as atividades esportivas e sociais do Clube e destacou os Queijos e Vinhos que será realizado no dia 25 desse mês. No Jantar houve duas rodadas de nikolachka, uma para comemorar o aniversário de Reneu Ries e a outra em homenagem ao novo Mãe, com Léo Penter puxando o tríplice hip hip hurra. Para o jantar de julho foi convocado democraticamente o cozinheiro cruzeirista Newton Aerts.