VDS completa hoje 79 anos de fundação
No ano de 1934 o noticiário esportivo dos jornais locais trazia uma novidade aos leitores: a fundação de um clube de “yachting”, denominado Veleiros do Sul. Eram novos ventos soprando no Guaíba, era o marco do nascimento do esporte da vela em Porto Alegre.
O primeiro release e clipping sobre a fundação do Clube enviado a imprensa pela Agência de Publicidade Stapler. Desde o início o Veleiros do Sul nasceu com uma visão moderna protagonizada pelo empresário Leopoldo Geyer
A Gênese: Um pouco antes no começo da década de 1930 alguns desportistas pioneiros já navegavam pelo Guaíba com seus veleiros de recreação, entre os quais estava Leopoldo Geyer. Em uma de suas velejadas, na altura da Vila Conceição, foi abordado por Hans Guhr, que a bordo do Ariella, estendeu-lhe o convite para participar das reuniões entre velejadores no bar Liliput, (na Av. Otávio Rocha) onde falavam sobre suas experiências pelo “Mar Gaúcho”.
Nesta época, participavam dos encontros os iatistas: Hugo Lemcke, Hugo Berta, os irmãos Grillo, Cézar Orssini, Rudi Zallas, Edgar e Ewaldo Ritter, além do Cônsul inglês Carwel , que se autodenominavam de “veleiros avulsos”. O grupo programava as velejadas pelo Guaíba, Delta do Jacuí, rios Caí, Sinos e Gravataí. Aconteciam também passeios no litoral fronteiro: Vila Elza, Itapuã e alguns se aventuravam a entrar na Lagoa dos Patos.
Veio a competição: As primeiras regatas entre os “veleiros avulsos”, por conta da ausência de classes definidas, eram consagradas pelo princípio da vitória por bico de proa. Em abril de 1934 foi programada a primeira regata oficial de barcos à vela, em Porto Alegre. A competição era em disputa do prêmio: “Veleiros Gaúchos”.
Aquele primeiro torneio da história do iatismo gaúcho foi programado em três séries de regatas. O vencedor da primeira foi o Mary Rose, tripulado por B.M. Carwel, cônsul inglês de Porto Alegre. A segunda foi vencida pelo barco Sul de Rolf Krahe. E a terceira, e principal regata, teve como vencedor o barco Bavária, de Geyer. Pelo desempenho a classificação final deu a vitória geral para ao Bavária.
Segundo o depoimento de Leopoldo Geyer, aquela regata foi o ponto de partida para a institucionalização do esporte da vela em Porto Alegre. A primeira regata de abril de 1934 tinha deixado o pessoal “enlouquecido” e voltado para a prática organizada do esporte. Havia, porém, um problema que apressou a fundação do Clube: os barcos dos “veleiros avulsos” não tinham ancoradouros apropriados e seguros e estavam sempre expostos a roubos. Geyer propôs a organização de um porto de veleiros com zelador. Esta idéia não foi muita bem aceita, a princípio, pois representaria mais despesas.
Precisa-se de um clube: Leopoldo Geyer era um homem dinâmico e continuou a procurar uma solução até encontrar um terreno na rua Frederico Mentz, com fundos até o Saco dos Navegantes. Uma vez adquirido o terreno obtiveram a licença para construir uma sede e um estaleiro, entregando o trabalho de projeto e construção ao engenheiro Luiz Pufal. A obra foi iniciada em 18 de outubro de 1934.
Nossa primeira sede. Foto da inauguração em março de 1935.
No fim do ano de 1934, mais precisamente no dia 12 de dezembro, em uma das habituais reuniões no Liliput, Hugo Berta, um dos poucos presentes naquela noite, sugeriu aproveitar a passagem do Dia do Marinheiro, que seria no dia seguinte, para fundar a nova sociedade homenageando a Marinha de Guerra do Brasil. Foi, então, programado um jantar na Sociedade Germânia, situada na Praça Júlio de Castilhos, com tal finalidade.
Assim, no dia 13 de dezembro de 1934, estava fundado o Clube Veleiros do Sul.
Após os brindes, Ewaldo Ritter foi escolhido como primeiro Comodoro, por ter sido o idealizador das reuniões das quartas-feiras. Além dos 13 “veleiros avulsos”, que participaram da reunião-jantar da fundação, todos os demais foram convidados a assinar a Ata inaugural, sendo considerados fundadores de direito.
Nos primeiros anos após a fundação, o Veleiros do Sul se destacaria pelo seu pioneirismo, que foi importante no desenvolvimento da vela no País. Já em 1935 o Veleiros do Sul realizaria regatas “Centenário Farroupilha” com a participação de velejadores de outros estados brasileiros, do Uruguai e Argentina. Em 1937 foi o primeiro clube a levar uma delegação para competir no exterior, em Montevidéu. Daqui começou o intercâmbio no iatismo entre Brasil, Uruguai e Argentina, estes já eram tradicionais centros de vela. Do estaleiro do Clube também saíram veleiros concebidos pelos modernos projetos da época.
Trapiche da sede no Saco dos Navegantes
Mudança de local: Na década de 50 começaria outra etapa na vida do clube: a luta pela transferência da sede para o bairro Cristal, devido o aterramento para a construção do cais Marcílio Dias no bairro Navegantes. Em junho 1956 o clube apresentou o projeto, a planta e a perspectiva da futura sede da enseada do Cristal. Então foi acertado com o diretor do DNOS, os serviços da dragagem da enseada, o seqüente aterro hidráulico e o fornecimento de pedras para o enrocamento e o molhe protetor para o futuro ancoradouro.
O início formal das obras começou no ano de 1957. Dia 26 de janeiro, às 10 horas, com as presenças de autoridades, esportistas e associados, foram lançadas as primeiras pedras do enrocamento da área para a futura sede náutica. O comodoro Jorge Bertschinger jogou no Guaíba a primeira pedra, seguido pelos operários. Em outubro de 1959 o molhe já se alongava por mais de 100 metros e 15 barcos já haviam sido transferidos para a sede do Cristal. A inauguração da sede foi marcada para o dia 13 de dezembro de 1959, juntamente com a comemoração do "Jubileu de Prata", o 25º aniversario da fundação dos Veleiros do Sul.
Sede do Cristal no início da década 60
O reconhecimento: Na baia do Cristal acelerou seu desenvolvimento, sendo por muito tempo o único Clube a possuir um porto para veleiros de grande porte na Cidade. Além de sua estrutura náutica também se destacou pelos eventos sob sua organização e o investimento na formação de novas gerações de velejadores que deram ao Clube o reconhecimento no esporte da vela internacional. Desde o começo no Saco dos Navegantes até os dias de hoje, o Veleiros do Sul mantém em seu espírito a paixão por navegar.