Orla do Guaíba recebe eventos esportivos e ambientais
Porto Alegre parece redescobrir a beira da praia. A pelo menos dois anos de ver o Guaíba despoluído, a orla de Ipanema foi invadida por praticantes de modalidades como o futevôlei, o slackline, o stand-up-paddle e beach tênis. Para glamourizar o visual praiano da Capital, associações de esportistas e moradores interessados em promover a retomada da orla realizam, durante o mês de dezembro, uma série de eventos na Zona Sul.
A organização de luaus, shows, mutirões de limpeza e competiçõesesportivas que reuniram atletas de destaque nacional e internacional (como o gaúcho campeão mundial de futevôlei Marcelo Freitas Lima, que acaba de trazer o título da Malásia) foram a maneira simpática encontrada para dar as boas vindas ao verão. Junto à propagação da cultura esportiva, ações de educação ambiental, como o lançamento de um gibi com personagens que vivem no Guaíba, são uma amostra de que muito precisará ser feito para reverter essa relação corrompida. Comprar uma máquina capaz de descontaminar as areiasé outra estratégia que está no horizonte do movimento.
Em tempos de redes sociais, cada pisada na areia é um flash. Investindo no uso do Facebook, a Associação Brasileira de Esportes de Praia (ironicamente criada em uma cidade que não usa nem valoriza a sua) passou a registrar a reaproximação da população com o Guaíba como forma de promover a cultura da praia. Não fosse pelo inconfundível pôr-do-sol no Guaíba, um desavisado que olhar as imagens postadas na página da entidade é capaz de duvidar que tenham sido feitas em Porto Alegre.
O advento do stand-up-paddle, prática que não requer grandes habilidades ou senso de aventura, é um dos responsáveis por esse approach. À bordo de uma prancha grande e com um remo na mão, muita gente que nunca pisou na praia porto-alegrense pôde observar a cidade sobre outro ângulo. Não por acaso, escolinhas da modalidade proliferam-se e realizam passeios quase todos os finais de semana, desafiando a população a enfrentar o dilema do nojo versus interesse esportivo e ambiental.
O movimento pode trazer ainda avanços legais, como a proposição de um projeto de lei para regulamentar o uso dos espaços da orla de acordo com a característica de cada esporte. Resta saber se a população vai aceitar o convite e apropriar-se do espaço que é dela ou esperar que o poder público tome conta das belezas naturais a seu modo. Enquanto a cidade cochila no descaso, a iniciativa privada começa a crescer o olho. Depois, não adianta reclamar dos espigões.