Bens em desuso da SPH vão a leilão nesta terça em Porto Alegre

Fonte: Juliana Bublitz/Zero Hora

A partir das 10h desta terça-feira, 251 lotes com dezenas de bens em desuso, avaliados em R$ 200 mil e mantidos há décadas pelo Estado, irão a leilão em Porto Alegre. Parte do material foi alvo de uma reportagem publicada no início do mês em ZH, sobre os entulhos e as relíquias do patrimônio públicoestadual, espalhado pelo Rio Grande do Sul.

À BEIRA DO GUAÍBA, UM MUSEU À DERIVA

Rodeado de inço, um prédio caindo aos pedaços à beira do Guaíba, na Capital, guarda objetos sem uso e relíquias da história da navegação no Estado. Utilizado provisoriamente como depósito pela Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), o edifício será transformado em centro de eventos com a revitalização do Cais Mauá e começa a ser desocupado.

No passado, o local funcionou como um entreposto frigorífico para o transporte fluvial. Em meio ao que sobrou das câmaras frias e do motor da fábrica de gelo, restam quinquilharias, que também se espalham pelo Armazém C3, localizado nas proximidades. São lanternas de sinalização, maçaricos a querosene e equipamentos variados. Por lá também passaram máquinas caça-níqueis apreendidas em operações policiais.

O ambiente é úmido e insalubre. Apesar disso, algumas peças antigas seguem em perfeito estado de conservação. É o caso de uma caixa de madeira com itens náuticos de fabricação inglesa, provavelmente de 1945. O National Maritime Museum de Londres tem um exemplar semelhante.

— Seria importante o Estado chamar profissionais ligados a museus estaduais para fazerem a avaliação atual de todos esses objetos e indicarem o destino adequado. Certamente, muitos merecem ser preservados — diz o historiador Éverton Quevedo, coordenador do grupo de trabalho Acervos, História, Memória e Patrimônio, da seção regional da Associação Nacional de História (Anpuh-RS).

A maior parte do material pertenceu a unidades do Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais (Deprc) em Pelotas, Triunfo e Encantado. O órgão, que chegou a ter mais de 24 mil bens (hoje são cerca de 11 mil), foi reestruturado em 1996 e deu lugar à SPH - que herdou as sobras e agora precisa dar um destino a elas.

O servidor responsável pelo patrimônio, Flavio Luis Lackmann de Souza, faz o possível. Chegou a separar itens raros para expor na sede da SPH, onde chamam a atenção de visitantes.

Fora isso, mais de 60% dos utensílios, segundo Souza, receberam baixa, e o local passou por uma limpeza após a visita de ZH. Muitos dos objetos serão leiloados no dia 26. Ainda assim, não há garantia de que sejam vendidos.

Serviço

O que: leilão de veículos recuperáveis e irrecuperáveis e de materiais e equipamentos classificados como "inservíveis" pelo Estado

Onde: auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari (Avenida Borges de Medeiros, 1501), em Porto Alegre

Quem pode participar: qualquer pessoa ou empresa interessada

Horário: a partir das 10h desta terça-feira