Regata Fortalezas, história e vela em Floripa
Por Blog das Águas
Construções históricas da Ilha de Santa Catarina são marcas na Regata Fortalezas
Veleiros deixam a Forteleza de Santo Antônio de Rotones (Foto Kriz Sanz/Esportes do Mar)
Portugal e Espanha brigaram pela posse da entrada do Rio da Prata desde o início da era dos descobrimentos das terras deste lado do Oceano Atlântico. Quem dominasse a área teria assegurado o acesso ao interior da América do Sul e a possibilidade de ampliar territórios e ajudara a encher os cofres das famílias reais de cada um dos dois países ibéricos.
As águas abrigadas das baías da Ilha de Santa Catarina, a 4500 milhas dos tronos de Lisboa e Madri, e a apenas pouco mais de 500 milhas das águas platinas, era o porto ideal para reparos e abastecimento dos navios. Quem dominasse a região poderia se considerar dono do pedaço mais ao Sul.
Para consolidar a posse dos recursos naturais e estratégicos, Portugal construiu e armou, na primeira metade do século 18, uma bateria formada por uma dúzia de fortalezas com a intenção de proteger a Ilha, ao mesmo tempo em que consolidava a posse de Sacramento, colônia em frente à Buenos Aires. Cinco destes fortes ainda estão em pé. São os três que protegiam a entrada da Baía Norte da Ilha, o que defendia o canal sobre onde ainda está a Ponte Hercílio Luz e o que protegia a entrada pelo Sul.
Não deu muito certo. A maior esquadra espanhola colocada ao mar em todos os tempos impingiu a maior derrota militar portuguesa de todos os tempos. O tamanho e o poder de fogo da frota naval castelã provocou a capitulação da Ilha sem que um tiro fosse disparado e a população de Desterro, antigo nome de Florianópolis, conviveu com as bandeiras da Espanha entre 1777 e 1778. Os fortes tiveram outros usos. Um virou leprosário, outro foi cárcere e local de execução dos derrotados no Golpe Federalista, todos foram abandonados e esquecidos até se tornarem atração turística, a partir das últimas décadas do século 20.
Neste sábado, no entanto, serão marcas de passagem da Regata Fortalezas, segunda etapa da Copa Veleiros de Oceano 2014, competição organizada pela Flotilha Catarinense de Veleiros de Oceano e pelo Iate Clube de Santa Catarina.
O aviso de regatas ainda não foi divulgado, mas se prevalecer o que acontece tradicionalmente, os barcos maiores partem das proximidades do Forte de Santana em direção ao Norte, deixam o Forte de Santo Antônio de Ratones por boreste, seguem para nordeste e contornam, por bombordo, uma boia em frente ao Forte de São José da Ponta Grossa, quase em Jurerê. Colocam a proa apontada para o Oeste e navegam até a Fortaleza de Santa Cruz do Anhatomirim, viram para o Sul e voltam para casa, deixando Ratones por boreste e cruzando a linha em frente ao Forte de Santana, a poucos metros da ponte Hercílio Luz, perfazendo quase 25 milhas. Os menores e os da Classe Cruzeiro devem fazer um bate-e-volta até a primeira marca, numa regata com não mais de 13 milhas.
Os quatro C30 estacionados em Florianópolis devem participar e fazer a parte mais emocionante da regata. Outros que são presença constante nas raias da Ilha, que contam cada vez menos barcos inscritos, devem ser o Bruxo, o Revanche e o Garrotilho, ferrenhos rivais na BRA-RGS A. O Zephyrus já confirmou presença na BRA-RGS B, mas não terá a companhia do Nemo, que perdeu o mastro durante o Circuito Oceânico, em fevereiro, e ainda está no estaleiro.
As largadas devem acontecer ao meio dia e quem estiver caminhando, pedalando ou se exercitando nas Avenidas Beira Mar Norte e Beira Mar Continental, terá veleiros incluídos na paisagem.