Náufrago é encontrado após passar 13 meses no mar
A história parece saída do script de "Náufrago", filme de 2001 protagonizado pelo ator americano Tom Hanks — só que dessa vez, o náufrago é real. Depois de supostamente passar 13 meses à deriva, um homem de 37 desembarcou no pequeno atol de Ebon, nas Ilhas Marshall, arquipélago encravado no meio do Oceano Pacífico.
De início, o homem se identificou como José Iván e noticiou-se que era um mexicano. No entanto, seu nome verdadeiro é José Salvador Alvarenga, cidadão de El Salvador que vive como pescador no México há 15 anos. Seu tormento começou quando pescava pequenos tubarões e camarões com um jovem chamado Ezekiel e o barco onde estavam foi atingido por uma tempestade que danificou o motor, deixando os dois à deriva em 21 de dezembro de 2012.
Quando dois habitantes do atol de Ebon o resgataram do mar, na quinta-feira, ele usava apenas uma cueca feita com um pedaço de pano, tinha o cabelo muito comprido e barba abundante. Além disso, não conseguia caminhar sem ajuda.
O náufrago explicou por meio de desenhos que sobreviveu comendo tartarugas, aves e peixes que pescava com as mãos. Também mostrou que bebia sangue de tartaruga quando não chovia.
Seu primeiro pedido ao falar com alguém que entendesse espanhol foi retornar ao México.
"Só tinha minha cabeça em Deus", disse o pescador
Segundo o pescador, após alguns dias - que ele estima ser quatro meses - Ezekiel morreu, já que se recusava a comer passaros, tartarugas e pequenos tubarões para sobreviver.
— Durante quatro dias após a morte do meu colega, pensei em me matar. Mas eu não sentia o desejo. Eu não queria sentir dor. Então, não fiz nada — contou ao jornal inglês The Telegraph.
— Eu só tinha minha cabeça em Deus. Se fosse morrer, seria com Deus. Então, não tinha medo — afirmou.
Até se deparar com a ilha onde ficou, a ilha Ebón, Alvarenga ficou cercado de água por todo o tempo. Por sorte, só teve de enfrentar dois dias de mar agitado.
— Eu não sabia as horas, o dia ou a data. Só sabia que o sol aparecia e a noite caía. Nunca via terra. Só oceano puro — disse.
Quando finalmente avistou algumas árvores em um atol nas Ilhas Marshall, Alvarenga só conseguiu dizer "oh, Deus". Ele chegou à praia e dormiu. Ao acordar, ouviu um galo e viu uma pequena casa.
Alvarenga está se recuperando em um hospital em Majura, capital do país. Apesar de barbudo e com dores no tornozelo, o pescador está em boas condições de saúde. Ontem, ele se encontrou com o embaixador dos EUA no país e com funcionários do governo local.