Explorando novas possibilidades no SUP
Por Ricardo Machion | Blog Um Homem do Mar
Fotos: Wilson Lico
Como se divertir quando seu parque de diversão está longe? Realmente esse texto faz jus ao ditado; nas grandes dificuldades é que encontramos as grandes soluções.
Um grande amigo de surf, que mais tarde também se tornou wakeboarder me convidou para explorar uma nova possibilidade, surfar uma onda que seu barco produzia para o wake, surfando de Stand Up Paddle. Para quem não sabe, existem lanchas específicas para a prática do wakeboard, nesse caso, usamos um modelo de produção nacional, com um potente motor V8 e aproximadamente 1.000 kg de lastro.
Nossa diversão aconteceu longe do nosso habitat natural, a praia. Tínhamos uma represa à nossa disposição, quilômetros de água plana para cruzamos quantas vezes quiséssemos com nosso Stand Up Paddle de pouco mais de 10´0 (pés). Como o procedimento é similar ao surf tow-in, não utilizamos o remo uma vez que a área de surf é curta, pois sempre necessita-se aproximar-se do barco, área de maior força da onda.
Iniciamos os procedimentos transferindo todo o peso do barco, pequenos sacos de 10kg, fat sacs com aproximadamente 500kg e os porões com água num bordo do barco. Como sou goofy ou seja, surfo com o pé direito à frente, a onda seria projetada à boreste, lado direito do barco.
Nossa missão era gerar uma onda forte o suficiente para surfar sem a ajuda do manete, utilizando apenas a força gerada pelo motor. Após enchermos todos os tanques, fizemos o primeiro teste para identificar uma velocidade adequada para a formação da onda, após algumas saídas identificamos a velocidade e a melhor formação da onda. Em seguida fizemos alguns testes com o equipamento que utilizaríamos para a captação das imagens, como o barco navegaria com um ângulo alterado, necessitamos ajustar a câmera para seguir com a missão.
Para os surfistas uma nova possibilidade, para os iniciantes e ou praticantes do Stand Up Paddle uma sensação de experimentar algo realmente indescritível, surfar uma onda em todas as direções possíveis.
Como essa prática se assemelha ao SUP Surf, o mais adequado seria utilizar um remo pequeno, mas por conta do tamanho da prancha e da pouca área entre a onda e a popa do barco, a melhor opção foi utilizar apenas o Stand Up Paddle, pois qualquer tração lançaria a prancha contra a embarcação.
Pranchas de SUP Surf com menos de 8´0 (pés) conseguiriam utilizar a extensão maior da onda gerada e talvez com um remo menor, um volume maior de manobras. O segredo dessa prática não é a velocidade e sim o peso imposto ao bordo que formará a onda, talvez por isso a lancha de wakeboard tenha sido a melhor opção.
Muito importante para a prática de Stand Up Paddle Tow-in é a utilização do colete flutuador, modelo comum para jet-skis, wakeboard ou mesmo navegação, pois em velocidade a queda é forte e, numa situação extrema o praticante pode necessitar de ajudar para flutuar.
A primeira saída depois de todos os ajustes é muito emocionante, como uma cena de cinema, o diretor grita gravando e, você se concentra ao máximo, mas nunca se está sozinho e você pode assim como eu, encontrar uma onda gerada por outro barco ou por uma dezena de jet-skis que ali também navegavam, que podem gerar um desequilíbrio e posteriormente uma queda.
Alguns minutos surfando a 1ª onda após os ajustes realizados na lancha, eu também tinha que sentir como a prancha se comportaria, as distâncias que poderia percorrer na parede da onda antes de colidir com a popa do barco e até mesmo com o outro lado da onda formado entre o desnível do motor e a água plana da represa.
Uma, duas, três ondas e tudo estava pronto, a primeira onda durou 2 minutos aproximadamente, como queria experimentar todas as posições, surfei conectado ao manete.Assim que me senti seguro iniciei as tentativas sem o manete, mas após um minuto sendo rebocando, decidi lançar o manete para dentro do barco, pois é possível por conta da proximidade, mas na 1ª tentativa lancei e, me desequilibrei colocando a borda contra a água e caindo logo em seguida.
Mas quem brinca gosta de brincar e sinalizei em seguida ao barco para que fizéssemos mais uma tentativa, nem preciso dizer o quão empolgado estava, afinal havia achado o ponto para surfar sem o reboque.
A lancha se posicionou com a plataforma de popa ao meu lado e o cabo foi lançado para que eu me preparasse. Lancha alinhada, eu já posicionado na prancha e iniciamos os procedimentos.
Com a mão n´agua enquanto a lancha ainda segue com pouca rotação no motor, me posiciono para o bordo que seguirei para surfar, o motor acelera e a onda pouco a pouco vai surgindo, com um pequeno impulso no manete me levanto e vou posicionando a prancha na parede da onda, agora tudo está regulado, motor, velocidade e o tamanho da prancha, é hora do show!
Com pouco menos de 1 minuto de reboque consigo a velocidade desejada e consigo identificar que o cabo do manete fica com uma certa folga, o lanço para dentro do barco e durante 4 minutos surfo em todas as direções que a onda do barco me leva, momentos intermináveis, manobras que arrancavam o sorriso de criança que cada um de nós carrega, comparada ao surf seria como surfar uma das esquerdas mais longas, Chicama no Peru, as pernas chegam a cansar de tanto fazer força, mas com certeza um esforço recompensador.
A melhor parte é que mais uma vez conseguimos descobrir algo novo, surfar numa represa, numa lagoa, num lago, sempre explorando novas possibilidades.
Aloha.