Rumo ao Brasil, início da Transat "não foi dos piores"
Por Antonio Alonso Blog das Águas
Pelos primeiros relatos dos 88 velejadores que participam da Transat Jacques Vabre, a primeira noite da viagem até o Brasil não foi ‘das piores’. Atravessando o Canal da Mancha, um dos trechos mais perigosos na descida para Itajaí (SC), os barcos pegaram 16 nós de vento no máximo na madrugada desta sexta-feira (8). Ao todo, a regata pelo Oceano Atlântico terá quase 10 mil quilômetros e é disputada por quatros tipos de embarcações (Classe 40, Multi50, IMOCA 60 e MOD70), que são especiais para velejar em solitário ou em duplas.
As próximas horas serão estratégicas para escapar do Canal da Mancha, um dos trechos mais perigosos da aventura para o Brasil. “O vento aumentou e pode bater em 30 nós até contornar a ponta da Bretanha Sabemos que as condições vão piorar e por isso não devemos cometer erros bobos”, disse Jeremias Beyou do Maître CoQ, da classe IMOCA. "A noite não foi fácil. Lideramos boa parte da regata e o sentimento é de entrar em um buraco com três barcos estão na nossa caça”.
O Maître CoQ trava uma disputa milha a milha com o Macif, líder da classe no último relatório do site oficial da regata. Quem também está bem posicionado é o Safran, que avança com habilidade contornando as pequenas ilhas no Chenel du Four. Os 10 IMOCA já passaram pelas ilhas Guarnesey e Jersey, no Canal da Mancha. Os IMOCA têm 60 pés e são monocascos.
A outra classe monocasco na Transat Jacques Vabre é a 40. O GDF Suez liderou a maior parte dos primeiros quilômetros desde Le Havre, mas a diferença para os demais é mínima. A flotilha tem 26 barcos e apenas três estão literalmente desgarrados do pelotão. Por medida de segurança, os veleiros, que são os menores da competição, serão obrigados a fazer uma parada estratégica, de no mínimo 24 horas, em um porto de Roscoff, no Canal da Mancha. A previsão é que o pit stop ocorra até sábado (9), quando a tempestade com ventos superiores a 100 km/h atingirá a região.
Na Multi50, FenÉtréA Cardinal e Actual abriram boa vantagem dos adversários, mas a entrada no chamado Golfo de Gascogne ou Baía de Biscaya (região que compreende os mares do sudoeste da França e noroeste da Espanha) pode mudar os rumos. Rajadas de até 100 km/h e o mar agitado devem fazer com que os líderes reduzam velocidade na descida ao Brasil. "A situação meteorológica nos preocupa um pouco. Vamos tentar dormir a hora que der, pois nas primeiras horas de regata tivemos que revezar a cada 60 minutos no leme com várias manobras”, explicou Kito de Pavant, do Actual.
Os rápidos MOD70 em breve estarão com a proa voltada para o Cabo Finesterre (região da Galícia). Mas antes, os trimarãs dobram Ushant, que marca o fim do Canal da Mancha. A previsão é que até domingo (10), Edmond de Rothschild, líder na última avaliação, e Musandam Oman Air estejam literalmente com a prova voltada para o Atlântico.