Brasileiro é destaque na Volvo Ocean Race Virtual em meio a noites sem sono
Fonte: ZDL
Junto com a largada de cada etapa da Volvo Ocean Race, além dos 66 velejadores a bordo de Telefónica, Groupama, Puma, Camper, Abu Dhabi e Sanya, cerca de 200 mil velejadores, amadores ou não, embarcam em seus barquinhos virtuais preparados para passar noites e noites em claro. Com menos preparo físico, mas nem por isso menos habilidade, os velejadores do Volvo Ocean Race Game também se preocupam com a metereologia, velas rasgadas e até mesmo com o que vão dar de comer para a sua tripulação.
Sucesso desde a última edição da regata, em 2008-09, a cada ano que passa o jogo atrai mais participantes. Nesta temporada, o número de inscritos já está próximo dos 200 mil. Os prêmios para os vencedores vão de canivetes e jaquetas impermeáveis, passam por viagens para as paradas da regata real e chegam até a um carro Volvo, para o grande campeão.
O Brasil tem, nesta edição, mais de cinco mil velejadores virtuais. O melhor deles é Roberto Negraes, que comanda o RevistaNáutica I, feito em parceria com a revista especializada no setor. Na quinta etapa, entre Auckland, na Nova Zelândia, e Itajaí, em Santa Catarina, o barco terminou na 4ª colocação geral e em 1º na categoria Solo Boat. Como é possível competir com mais de um barco por pessoa, a organização optou por fazer uma premiação separada para os barcos de número 1. E quem pensa que foi fácil, está muito enganado. No final da etapa, Negraes conta que chegou a passar mal pela longa duração da perna. "Não aguentava mais dormir apenas duas ou três horas por noite. Depois de 20 dias de regata eu estava um trapo", conta.
Esse regime de pouco sono é resultado do modo de jogo das regatas virtuais. O maior desafio para os brasileiros é o horário em que acontecem as atualizações da metereologia: durante a madrugada. "Eu começo a estudar a mudança no tempo a partir da meia noite e meia, porque eu sei que ela vai mudar por volta de 3 horas da manhã. Em média, eu estudo entre três e seis horas por dia para manter o meu barco em uma boa posição", completa.
Além de conhecer sobre regatas, o velejador virtual deve também saber sobre computação e navegação. "Usamos os mesmos softwares que os velejadores da Volvo usam para fazer a navegação dos VO70. A regata virtual exige muito conhecimento sobre isso". Segundo ele estes softwares chegam a custar até US$ 2.000,00. Existem versões mais baratas, como o VRTOOL, criado por um brasileiro e que pode ser baixado gratuitamente.
Vento forte não assusta - A etapa entre Auckland e Itajaí, foi a mais desafiadora da competição e teve cinco dos seis barcos reais quebrados por conta das adversidades dos mares do sul. Os barcos velejam em latitudes muito baixas e em seu caminho, além do frio, encontraram icebergs, muita onda e ventos fortíssimos. Apesar da previsão do tempo ser a mesma, os velejadores virtuais podem exigir mais de seus barcos do que os reais. Negraes conta que atravessou o oceano austral com ventos de mais de 50 nós (90 km/h) e seu barco ficou ileso. "Chegamos antes da flotilha da Volvo em Itajaí porque não tivemos que nos preocupar com quebras".
Apesar disso, engana-se quem pensa que os veleiros virtuais não enfrentam problemas. Para tornar o jogo mais próximo do real, no VORG as velas dos barcos se gastam e podem rasgar. Além disso, é preciso manter a energia da tripulação alta para que o rendimento do barco não seja afetado por "falta de força" dos velejadores. Para evitar problemas assim, o jogo oferece créditos pagos, que podem ser revertidos em equipamentos ou energia para a tripulação, evitando que os barcos percam posições caso aconteça algum ‘incidente’.
Na sexta etapa, entre Itajaí e Miami, nos Estados Unidos, Roberto cruzou a linha de chegada em 11º. O resultado deixou o brasileiro bastante contente: dias antes ele teve problemas com o seu computador e acabou ficando 14 horas sem jogar. "Estava entre os líderes e cai mais de 200 posições. Por sorte consegui me recuperar. Este acabou sendo o meu melhor desempenho na regata", comemora ele que agora é vice-líder geral da competição.
Barcos partem para Lisboa no domingo - O clima pode jogar contra os seis veleiros que partem de Miami neste domingo (20). A travessia da sétima perna pelo Atlântico Norte deve durar 11 dias. A flotilha sai dos EUA com destino à capital portuguesa, Lisboa. "A sétima perna não terá muitos ventos. A maior dificuldade será enfrentar as ondas, que podem atingir até 10 metros. No Atlântico Norte, às vezes, a viagem pode ser tão desagradável quanto no Oceano Antártico", relata Gonzalo Infante, chefe de meteorologia da Volvo Ocean Race.
Essas condições devem tornar a etapa bastante disputada. Serão quase 7 mil quilômetros e os resultados podem mudar a tabela de classificação, liderada pelo Telefónica, com 164 pontos. Atrás dos espanhóis, os franceses do Groupama têm 153 e o barco neozelandês/espanhol do Camper, 149. O Puma, vencedor das duas últimas etapas, soma 147 e está na briga. Abu Dhabi com 68 e Sanya com 25 fecham a classificação da regata de volta ao mundo.
A equipe de Iker Martínez ganhou as três primeiras pernas, mas os últimos resultados animaram os que estão atrás da flotilha. Os 11 pontos de vantagem deixam o Telefónica atento, mas confiante. "É preciso ser realista. Tudo pode acontecer na próxima perna, mas continuamos na liderança. A equipe é boa e, por isso, vamos brigar pelo título. Na verdade, estamos em uma situação que todos adorariam estar. Sem dúvida, essa é uma posição privilegiada", explica Iker.
A próxima prova valendo pontos, a Regata do Porto, está marcada para sábado (19) e terá a volta do Sanya à disputa. O veleiro chinês não participou da última perna em Itajaí e foi rebocado direto de Auckland, na Nova Zelândia, para Miami para reparos.
Classificação geral da Volvo Ocean Race - após seis pernas:
1º - Telefónica - 164 pontos
2º - Groupama - 153 pontos
3º - Camper - 149 pontos
4º - Puma - 147 pontos
5º - Abu Dhabi - 68 pontos
6º - Sanya -25 pontos