Estiagem e mineração prejudicam hidrovia do Jacuí

Fonte: SPH

A forte estiagem que atinge o Rio Grande do Sul desde o verão trouxe à tona problemas que vão além da dificuldade de abastecimento em alguns locais do estado. A atual condição de importantes canais de navegação foi exposta nos últimos dias, quando um levantamento efetuado por técnicos da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) mostrou que o Rio Jacuí está com nível prejudicado em razão da mineração predatória.

 

De acordo com o engenheiro responsável pela Divisão de Estudos e Projetos da SPH (DEP/SPH), Álvaro Francisco Mello, a estiagem está revelando outros problemas que o rio não mostrava. “O maior problema do Jacuí é, sem dúvida, a estiagem, mas além da falta de chuva, a mineração predatória de areia provocou um rebaixamento na lâmina dágua”, explicou. Esta situação prejudicou de forma significativa a situação da hidrovia.

Mello explica que quando a hidrovia do Jacuí foi projetada, há mais de 40 anos, foram feitos vários estudos no sentido de respeitar a geografia do rio e atender a necessidade da navegação. “Hoje o que vemos é uma sequência de crateras espalhadas em vários pontos do rio, conseqüência da extração excessiva de areia. Isso provocou uma mudança no regime hidrográfico, pois para manter o curso, o rio precisou preencher estes buracos, causando uma redução significativa de nível nos canais de navegação”, disse.

Conforme o levantamento, os problemas do Rio Jacuí começam a aparecer a partir de Triunfo e se agrava em Rio Pardo, num trecho de 21 quilômetros, onde, em alguns pontos, é possível atravessar o rio a pé.  O calado oficial da hidrovia é de 2,5 metros. “Hoje há registros de pontos com 1,44 metro”, frisou.

Foto: Eduardo da Silva Alves/SPH/DEP