Scheidt e Prada falam da expectativa de conquistar mais uma medalha

 

Da redação da www.nautica.com.br

Dupla que está pronta para disputar a Olimpíada na condição de favorita da Classe Star concedeu entrevista à Local da Comunicação. Confira abaixo as expectativas de Robert Scheidt e Bruno Prada para os Jogos Olímpicos.

Robert Scheidt (frase preferida: “Se perder o leme, nunca perca o rumo”)

Foto: Luiz Doro

Você vai disputar a sua quinta Olimpíada. Está ansioso?
Ansiedade sempre existe, porque esperamos muito para os Jogos. É uma semana para definir um trabalho de quatro anos. Como já passei por isso algumas vezes, estou acostumado a lidar com isso, mas a ansiedade sempre existe. O negócio é levar para o lado positivo, dar raça na água e não levar para o lado da cobrança. Temos a consciência que estaremos lá para dar o nosso melhor.

Você saiu de uma classe em que velejava sozinho, a Laser, e passou a velejar em dupla na Star. Como é a parceria com o Bruno Prada?

Para velejar em dupla você tem de aproveitar as qualidades do outro. Temos dois olhos e um cérebro a mais a bordo. A experiência do Bruno, além de transmitir calma, ajuda nas decisões.

A preparação para as Olimpíadas é diferente da dos outros campeonatos?

O ideal é encarar como se fosse outro campeonato, mas, por conta da atenção da mídia e do público, fica difícil fazer isso. Psicologicamente tento velejar livre, como se fosse um campeonato qualquer. Tento, durante as regatas, saber que elas são importantes, mas não deixo isso prejudicar a nossa maneira de encarar as regatas, as manobras, as táticas.

A classe Star tem a fama de ser uma das mais difíceis de conquistar uma medalha. Com tantos resultados positivos nas últimas competições, incluindo o tricampeonato mundial, podemos considerar que o Brasil já tem a medalha de ouro?

Nunca espero resultado, ele se constrói. Tem que batalhar por cada ponto. O negócio é nunca desistir. Sabemos que temos o potencial e as armas necessárias [para a medalha de ouro], mas sabemos também que tudo depende de nós. Jogo é jogo, se ganha na hora.

Quem são os maiores adversários?

A dupla inglesa Iain Percy e Andrew Simpson, que mora lá, é com certeza uma das favoritas. Mas os franceses Xavier Rohart e Pierre Alexis Ponsot, os dinamarqueses Michael Hestbaek e Claus Olesen, os irlandeses Peter O’Larry e David Burrows, os suecos Fredrik Loof e Max Salminen e os suíços Flavio Marazzi e Enrico de Maria também estão velejando bem.

Nos últimos meses vocês passaram a maior parte do tempo na raia olímpica, treinando e competindo. Como este período ajudará no desempenho de vocês nos Jogos?

Nós gostamos muito de velejar em Weymouth. Já estivemos lá algumas vezes e a ideia era, cada vez mais, tomar conhecimento das raias onde serão disputadas as regatas. Geralmente o clima é frio e com muito vento. Este é o maior desafio de lá.

Na China o ouro acabou escorregando e vocês ficaram com a prata. Depois de conquistar o tricampeonato mundial e ficarem invencíveis por quase um ano, você acredita que esta é a hora de conquistar o ouro olímpico?

A hora pode ser para qualquer um, depende da execução naquela semana. Não temos nada garantido, apesar de sermos os favoritos, assim como os ingleses. Então, depende de como vamos jogar.

Com a saída da Star para os Jogos Olímpicos de 2016, você pensa em mudar de classe novamente?

Ainda não sei. Vou descansar e esperar as Olimpíadas passarem. Não tenho pressa. O foco hoje está em Londres. Quero velejar até 2016, seria legal terminar a minha carreira no Brasil, então preciso de algo que me deixe feliz e com chances de medalha.

Que recado você pode dar para o torcedor brasileiro que irá te acompanhar durante os Jogos?

Lutamos muito para estar em Londres, passamos por muita coisa, mas acho que estamos em um excelente momento. O que podem esperar é o maior empenho possível maior garra para representar bem o Brasil.

Bruno Prada (frase preferida: “Sem sacrifício, Deus não ajuda”)

Foto: Luiz Doro

Você está prestes a ir para a sua segunda Olimpíada. Você se sente mais preparado desta vez?
Acho que nessa Olimpíada a gente está chegando muito mais preparado do que na outra. Na verdade a gente nem era velejador de Star, éramos apenas dois velejadores, um de Laser, um de Finn, tentando velejar a Star. Acho que nesse ciclo olímpico a gente amadureceu bastante. Eestou bastante animado para esse último mês de campanha.

Como foi a preparação para esta Olimpíada?

Nós velejamos algumas vezes na raia olímpica de Weymouth e testamos vários materiais novos, entre barcos, velas e mastro. É importante também nesta preparação fazer um planejamento de treinos que seja bastante intenso, mas que não deixe problemas físicos, pra que a gente chegue lá com muita vontade. Se você treinar demais, chega muito cansado. Temos que chegar descansados, mas ao mesmo tempo com 100%. Teremos agora um período de 15 dias de ‘descanso’ antes de embarcar de vez para a vila.

Como você lida com a pressão de ser favorito ao ouro olímpico?

Cada um de nós tem 30 anos de estrada. Aprendemos a lidar com a pressão. Qualquer resultado nos impulsiona, seja vitória ou derrota. Vencer o Troféu Princesa Sofia, em abril, nos últimos metros da última regata, nos deu muita moral. Estávamos com um barco italiano, com velocidade menor em relação aos cinco primeiros colocados, e nos superamos. Mas os resultados ruins também nos impulsionam, deixam a gente mordido para ter um desempenho melhor na próxima competição.

Como é a sua relação com o Robert?

É um casamento de 11 anos. Brigas sempre existem, mas o mais importante é termos objetivos muito claros em mente. Ter a finalidade de discutir para melhorar alguma coisa e nunca terminar o dia de cara virada um para o outro. Chegamos a uma fase de maturidade e é uma fase tão sensacional, com tantas vitórias, que nem temos mais assunto para brigar.

Qual é a grande vantagem da dupla em relação aos seus adversários?

A maioria dos velejadores é especialista em uma condição específica, como ventos fortes ou fracos. Nós não somos especialistas em nada, conseguimos velejar bem em todas as condições. Isso pode nos ajudar em Londres, no caso de o tempo mudar.