Tecnologia na ORC, técnica nas ONE DESIGN
Por Regatanews
A natureza desempenha um protagonismo único na Vela, que não é encontrado em nenhum outro esporte. Os velejadores completos precisam saber tirar o máximo de seus equipamentos em todas as condições de vento. Mas existe um momento em que não há nada a fazer: quando o vento decide não aparecer. E foi isso que aconteceu nesta quinta-feira na Rolex Ilhabela Sailing Week. O dia amanheceu cinza, com bom vento oeste, mas durante a tarde, chegou a chuva e o vento foi embora. "Nosso principal objetivo aqui é fazer sempre regatas de boa qualidade. Com o vento de hoje, não seria possível, por isso decidimos cancelar a programação do dia", contou Cuca Sodré, presidente da comissão de regatas.
Cuca faz parte de um grupo de 18 juízes que trabalham no maior evento de Vela da América Latina. São profissionais em terra, na água, umpires e medidores que cuidam para que as regras sejam seguidas à risca. Nas classes S40, C30 e HPE 25, são 10 umpires, juízes que ficam na água e acompanham toda a regata em botes. Quando há algum incidente, esses árbitros sinalizam na hora, com bandeiras, quem está errado e quem deve pagar a penalidade. A inclusão dos umpires eliminou os protestos em terra. "Só no primeiro dia, tivemos uns 15 protestos na HPE. Antigamente, isso viria para terra e ficaríamos até a madrugada julgando versões, e não mais fatos", contou Nelson Ilha, árbitro internacional da federação de vela (Isaf) e chefe dos umpires na Rolex Ilhabela Sailing Week.
Além dos umpires, são três medidores oficiais para as classes One Design, ORC e RGS. "Vistorias prévias estão sendo feitas desde quinta. Durante as regatas, os inspetores também fazem vistorias na água. É um cuidado para que os barcos estejam rigorosamente iguais".
Há diferenças importantes entre as classes One Desing e as classes de rating, como a ORC. Os veleiros são idênticos nas três classes One Design, S40, C30 e HPE 25. Mas na ORC, os comandantes têm liberdade para escolher qualquer projeto. Para permitir que diferentes barcos corram juntos, os medidores atribuem um rating a cada embarcação. Esse rating é um número que permite que barcos diferentes sejam comparados em condições de igualdade ao final de cada regata.
Eduardo Souza Ramos, comandante do Pajero e um dos idealizadores das classes HPE 25 e S40, acha que as duas categorias são importantes. "Hoje eu velejo em One Design, mas durante anos eu corri em barcos de rating. Acho que as duas são importantes para a Vela, mas nas classes One Design, a responsabilidade das tripulações fica muito maior", conta.
Ernesto Breda, principal nome da ORC no Brasil atualmente, confessa sua paixão pelo desenvolvimento dos barcos. "Classes de tempo corrigido, como a ORC, estimulam o desenvolvimento tecnológico. Projetistas, velerias, técnicas de construção, tudo entra na equação".
Sejam One Desing ou ORC, todas as embarcações precisam ser aprovadas por medidores oficiais das classes. "A medição é feita com o barco em seco e depende muito do tipo de barco. Um HPE dura cerca de três horas, mas um S40 leva o dia todo para ser medido", conta Gordon Kunze, medidor oficial da classes One Design.
Nesta sexta-feira a Comissão de Regatas poderá fazer uma regata de médio percurso ou até três barla-sota curtas. Até agora, quatro regatas já foram completadas para todas as classes, o que já valida o campeonato. A partir da sexta regata, um descarte passa a ser computado. "Vamos fazer o impossível pra fazer seis regatas, porque o resultado muda muito quando entra o descarte", explicou Cuca Sodré.