Beto Pandiani parte para mais uma aventura pelos mares do mundo
O velejador e Igor Bely sairão da Cidade do Cabo no dia 10 de março e planejam chegar a Ilhabela, no litoral norte do Estado de São Paulo, no dia 6 de abril
Por ZDL Comunicação
São Paulo (SP) - Está chegando a hora de mais uma aventura de Beto Pandiani e Igor Bely pelos mares do mundo. A dupla vai cruzar o Oceano Atlântico a bordo de um catamarã sem cabine, sem motor e zero de conforto durante 30 dias ininterruptos. A largada na Cidade do Cabo, na África do Sul, está marcada para 10 de março e a chegada será em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. Antes da travessia, os velejadores terão trabalho para deixar tudo pronto. Os dois começam a ‘mexer’ no barco, batizado de Picolé, a partir desta quinta-feira (28) no continente africano.
Estão programados testes da embarcação e treinos. Para se ter uma ideia, só a montagem do veleiro leva quatro dias. "Está chegando a hora e nossa responsabilidade aumenta a cada dia. Será um dos nossos maiores desafios,incluindo distância e dificuldades de percurso. Por isso, escolhemos os melhores equipamentos e planejamos todos os passos", relata Beto Pandiani, que embarca para a África do Sul nesta terça-feira (26). Igor acabou de chegar à Cidade do Cabo.
O barco Picolé saiu do navio cargueiro nesta segunda-feira (25). A embarcação que estava levando o veleiro do estaleiro da Alemanha até a África do Sul pegou mau tempo na chegada à cidade sul-africana e o cronograma teve de ser alterado. O vendaval chegou a bater em 60 nós (111 km/h). "Ainda bem que o barco não desceu para terra, pois vários veleiros que estavam no cais da Cidade do Cabo sofreram com o vento e tiveram problemas. As dificuldades durante a preparação mostram a dramaticidade dessa nossa aventura", atesta Bet Pandiani.
Mesmo assim, Betão Pandiani está empolgado com a travessia pelo Atlântico, que terá 3.600 milhas náuticas (6.660 quilômetros) de distância. Na prática, essa milhagem vai aumentar em 40%, já que a dupla terá de fazer uma parábola no caminho, o que vai dar, ao todo, 5.000 milhas náuticas (9.260 quilômetros). "Passaremos por regiões de ventos fortes também. O Cabo da Boa Esperança, conhecido também como das Tormentas, é bem assim. Uma viagem com média de 25 nós de vento não é nada fácil, mas estamos preparados", lembra Pandiani. O barco Picolé vai passar por regiões de muito frio e com tubarões pelo caminho.
Para amenizar as condições adversas de frio e vento, Betão e Igor vão velejar ao norte nos primeiros seis dias. A rota é paralela à costa da África do Sul e da Namíbia. Passaremos na Costa dos Esqueletos, que é a porção de terras desérticas desta costa tão inóspita no sul do continente africano.
O barco - O Picolé, que teve problemas para chegar à Cidade do Cabo, tem 24 pés (oito metros) e é feito todo em carbono para suportar as condições adversas. O veleiro de dois cascos foi feito no estaleiro alemão Eaglecat. O modelo é adaptado às experiências de viagem da dupla e é híbrido, ou seja, não existe outro igual no mundo.
Financiamento que deu certo - Beto Pandiani foi uma das primeiras figuras ligadas ao esporte brasileiro a conseguir atingir a meta de um financiamento coletivo pela internet. O velejador aderiu ao chamado crowdfunding, uma espécie de vaquinha para o projeto. A iniciativa deu certo. A meta de R$ 150 mil foi ultrapassada e bateu em R$ 166.568,24. O valor é considerado um dos maiores nesse tipo de ação no Brasil. Betão usou seus contatos e seguidores nas redes sociais para aumentar a adesão e conseguir a verba necessária para cobrir despesas com equipamentos, que incluem GPS, telefones via satélite, dessalinizadores de água, alimentos liofilizados e outros mais. "As 337 pessoas que ajudaram a encher o pote de recursos para a viagem certamente vão compartilhar tudo o que ocorre durante os 30 dias de aventura. Vão multiplicar a história nas redes sociais, aumentando ainda mais o alcance da travessia. Quem financia alguma coisa sempre sabe que o investimento valeu a pena por relatos de outras pessoas e a internet é uma ferramenta de propagação."
A Travessia do Atlântico tem o patrocínio de Semp Toshiba, apoios de Mitsubishi, Red Bull e Certisign. Os colaboradores são Reebok, BL3, Sta Constância, Azula, North Sails e Track and Field.
Betão Pandiani e suas aventuras - Desde 1993, velejar deixou de ser um hobby para se tornar profissão na vida de Beto Pandiani. A partir disso, o velejador tem colecionado aventuras incríveis e histórias inesquecíveis, enfrentando marés, tempestades e outras adversidades para chegar ao destino final.
Em 1994, Betão organizou sua primeira expedição, que foi chamada de "Entre Trópicos". Ele zarpou de Miami para a Ilhabela em 289 dias no mar. Em 2000 foi a vez da "Rota Austral", partindo do Chile, cruzando o Cabo Horn - ponto alto da expedição - até a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 170 dias. A "Travessia do Drake", em 2003, saiu de Ushuaia e cruzou a passagem entre a América do Sul e a Antártica. Foram 45 dias que deram a Beto Pandiani e Duncan Ross, seu parceiro de viagem, o título de primeiros velejadores a chegarem à Península Antártica em um barco sem cabine.
Em 2004 foi a vez de ir da Flórida à Nova Iorque, na regata Atlantic 1000, a mais longa prova para catamarãs do planeta. O resultado foi acima do esperado: um segundo lugar na competição. Já em 2005, na "Rota Boreal", foram três meses velejando de Nova Iorque até Sisimiut, na Groenlândia, enfrentando as terríveis condições climáticas polares. Entre 2007 e 2008, junto com Igor Bely, Beto Pandiani atravessou o Oceano Pacifico, partindo do Chile e chegando à Austrália. Foram 17 mil quilômetros percorridos, muitas semanas sem ver terra e mais um título: o de primeiros velejadores do mundo a cruzar o Pacífico Sul em um barco sem cabine.