Nova Marina de Eike é projeto imobiliário, não náutico

 

Por Antonio Alonso - Blog das Águas

Voltaram à tona as críticas à "Marina de Eike", nome preferido na imprensa para a reestruturação da Marina da Glória. Esse projeto tem apanhado bastante, e não é de agora. O plano de Eike prevê redução das vagas secas (de 120 para 50) para barcos e aumento do número de lojas e do estacionamento, além de um novo centro de convenções. Se você está imaginando mais um shopping e menos uma marina, está pensando certo. Uma das boas notícias é que o local vai poder receber embarcações de até 300 pés (hoje o tamanho máximo são 100 pés). O Brasil praticamente não tem estrutura para receber mega-iates, e o Rio parece um bom lugar para começar a quebrar esse paradigma. Para ilustrar o dilema, o próprio Eike tem um barco de "apenas" 115 pés, justamente porque não há no Brasil estrutura para receber embarcações muito maiores do que isso. O maior barco do mundo, o Azzam*, tem 590 pés.

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Mas o que isso interessa a você, que não é o feliz proprietário de um iate de 300 pés? Depende. Se Eike conseguir transformar a marina num centro com infra-estrutura de ancoragem e serviços, o Brasil vai ganhar uma inédita e merecida super-marina. Se ele só criar as vagas, sem serviços, vamos ter um pátio imprestável para flanelinhas náuticos tomarem conta.

Matéria da Agência Estado de hoje resume um pouco das críticas que a marina vem recebendo: "Usuários da Marina criticaram principalmente a falta de diálogo com a empresa e a redução das vagas secas para barcos. Hoje são 120, e o projeto prevê 50, apenas para embarcações de pequeno porte. O presidente da Associação de Usuários da Marina, Alexandre Antunes, afirmou que "não se trata de um projeto náutico, e sim imobiliário". "Estão extinguindo vagas para barcos em prol de um shopping e de um centro de convenções." Para a arquiteta Andréa Redondo, o projeto "é belíssimo, mas o desejo é erguer um complexo comercial, e nesse lugar isso não é possível". "A cidade vai perder uma grande oportunidade de ter a sua marina, e vamos ter mais um centro de convenções", disse o arquiteto Ronaldo Basílio".

É uma vergonha o Brasil, com a posição estratégica que tem no mundo náutico, não tenha a menor estrutura para receber mega-iates. Qualquer ilha do Caribe tem. Por outro lado, a Marina da Glória é uma concessão pública tombada como patrimônio arquitetônico nacional.

Tudo indica que os proprietários brasileiros de barcos "normais" vão se dar mal com a mudança. Mas é a chance de o Brasil entrar no mercado de mega-iates. Como me disse uma vez um executivo da Ferretti, "só não vendemos barcos maiores porque no Brasil não há onde guardar".

Para ficar por dentro:

Para saber tudo sobre o projeto, clique aqui e assista à reportagem da RJTV de março deste ano (6 minutos)

Para ler um resumo, clique aqui e leia matéria publicada no UOL

*Obrigado à observação de Giovani Schwingel