Lixo na Baía da Guanabara preocupa velejadores
Fonte: Almanáutica
A cena, de tão cotidiana, já não causa mais estranheza a Isabel Swan. Ao botar o barco nas águas da Baía de Guanabara, a velejadora precisa se desvencilhar de sacos plásticos, tampinhas de refrigerantes, latas, palitos de sorvete… Um dos cartões-postais cariocas recebe diariamente uma média de cem toneladas de lixo flutuante, carregado pelos rios que cortam a Região Metropolitana do Rio, segundo estimativa do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Na ausência de coleta domiciliar adequada e com medidas paliativas que avançam a passos de formiga, a “boca banguela” cantada por Caetano Veloso sofre, a três anos dos Jogos Olímpicos.
Outra iniciativa pensada para o curto prazo é a instalação de Unidades de Tratamento de Rios (UTRs). A primeira delas (que beneficiaria a Baía de Guanabara), a ser instalada no Rio Irajá, ainda não saiu do papel. Custará R$ 40 milhões aos cofres da Petrobras — incluindo manutenção por dez anos —, como medida de compensação ambiental da Refinaria Duque de Caxias. A lógica das UTRs é tratar o esgoto já no leito dos rios, antes de a carga orgânica chegar à baía. A expectativa é que a unidade do Irajá trate 12% das fontes de poluição que chegam ao mar.
O prefeito de Caxias, Alexandre Cardoso, afirma que muitos caminhões de recolhimento de lixo são impedidos de entrar nas favelas dominadas pelo tráfico, aumentando o problema: “Vamos tirar três mil casas das margens do Rio Sarapuí, com o programa Minha Casa Minha Vida. Essa questão do lixo está diretamente ligada à segurança pública. Volta e meia, as empresas de coleta são impedidas de entrar nas comunidades pelos traficantes”.
Nas barcas, danos de R$ 2,3 milhões por ano
O lixo flutuante causa transtornos também ao transporte hidroviário. De acordo com a concessionária CCR Barcas, os danos provocados pelos resíduos implicam gastos anuais de R$ 2,3 milhões com limpeza, equipes de mergulho, substituição de filtros, pintura, energia e manutenção. Por causa do problema, em 2012, as barcas foram levadas 215 vezes ao estaleiro para serem consertadas — o número corresponde a 25% do total de reparos. O lixo afeta principalmente o sistema de refrigeração dos motores das embarcações. (Emanuel Alencar)